Apesar da alta de R$5,6bi, previsão de gastos com a Previdência segue defasada

A previsão do governo de gastar R$ 914,2 bilhões com benefícios previdenciários neste ano continua defasada, mesmo após elevação de R$ 5,6 bilhões na projeção refeita em março, segundo bancos e especialistas em contas públicas. As estimativas variam de R$ 923 bilhões a R$ 932,5 bilhões, o que mostra que o cálculo do governo pode estar subestimado entre R$ 8,8 bilhões e R$ 18,3 bilhões. 

A divergência entre as previsões reside na projeção de crescimento do número de beneficiários. Enquanto o governo adota taxa próxima a zero, levando em conta medidas como a revisão nos cadastros do INSS e o combate às fraudes, a XP considera aumento de 2%, compatível com o dos últimos anos. 

O banco estima despesa de R$ 929 bilhões. “A principal divergência em relação à nossa estimativa está no fato de o governo assumir economia de aproximadamente R$ 10 bilhões, resultado da adoção de processos mais céleres para admissão de benefícios por incapacidade temporária”, diz Fábio Serrano, do BTG Pactual, que prevê despesa de R$ 929,9 bilhões. Em fevereiro, a concessão de auxílio-doença ultrapassou 1,4 milhão de pagamentos, alta de 33,3%em relação ao mesmo mês em 2023. 

O crescimento do benefício ocorre no momento de implementação do Atestmed,que dispensa perícia presencial nos casos mais simples. Felipe Salto, da Warren Investimentos, calcula despesa de R$ 932,5 bilhões e avalia que a rubrica orçamentária terá de ser reajustada, exigindo bloqueio expressivo de outros gastos. Ao subestimar a projeção de despesa da Previdência, o governo reduziu a necessidade de um bloqueio maior em gastos não obrigatórios de outros ministérios e evitou piora no resultado fiscal, que traz estimativa de déficit de R$ 9,3 bilhões para 2024. No entanto, mais próximo do fim do ano,não haverá alternativa senão reconhecer o valor real que será gasto, já que os benefícios previdenciários são despesa obrigatória. Procurados, os ministérios da Previdência Social e do Planejamento e Orçamento não responderam.

Fonte: Jornal Valor Econômico

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